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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Prólogo

Nuvens negras, chuva intensa. Raios cortam o manto negro sobre a cidade. Uma tempestade repentina chegou alagando as ruas. A muito não se via algo desta proporção. Suas furiosas rajadas de vento arrancavam telhados, derrubavam placas, e painéis com extrema facilidade. Sem dar trégua, a água caía dos céus como uma lamúria desesperada, um lamento divino pelo caos atual, um protesto para com o rumo que a maior criação de Deus estava tomando, rumo este que a cada dia se aproximava da autodestruição.
E assim a tempestade lavava a cidade como se tentasse remover as impurezas ali contidas, purificar o que a muito fora criado a imagem e semelhança do paraíso, e que atualmente sequer passava próximo de tal definição.
O esbravejar de raios era ininterrupto, como a possante voz de um pai severo distribuindo broncas aos seus filhos, e que por fim iniciou sua destruição quando um destes azuis luminescentes riscaram o céu e acertaram em cheio o sino de uma antiga igreja, derrubando-o. A queda do pesado sino pelo interior da torre ecoou pelos quatro cantos da velha estrutura religiosa, assustando os residentes. Enquanto caía, seu badalo ressoava ao mesmo tempo em que sua carcaça de bronze maciço destruía parte das paredes laterais de sua morada, findando-se em um altissonante baque exercido pelo seu encontro com o solo.
O susto maior havia passado, e os moradores punham-se a proteger os objetos da chuva que entrava pela fendas abertas nas laterais da torre, exceto por um padre que focava em uma tarefa um tanto diferente.
Numa sala escura, gritos de dor ecoavam. O momento se aproximava. As contrações iam e vinham cada vez mais rápidas e intensas. A mulher se esforçava ao máximo para manter-se focada em seu objetivo, apesar do alvoroço que ocorria a sua volta. Seu filho estava chegando, isso era o que mais importava.
Lá fora, a tempestade não cessava, e continuava a castigar a cidade. Alguns minutos de dor se passaram, e um belo e forte bebê nasceu. O padre ergueu-o ao ar, e as luzes avermelhadas do candelabro iluminaram o rosto de pele levemente morena, e cabelos negros. Era um saudável homenzinho. Observando com mais atenção o padre viu algo que se lhe fosse contato, não acreditaria, até mesmo ante seus próprios olhos, era difícil de acreditar. E o assombro fez a criança escorregar de suas mãos. A mãe viu seu filho cair e o medo gelou sua espinha. O desespero da mãe era grande, mas ainda muito debilitada nada podia fazer. A queda parecia ocorrer em câmera lenta pelo simples prazer de estender sua angústia, o silente momento era interrompido apenas pelos raios que continuavam a emanar seu brilho pela janela da sacristia e ecoar seus esbravejares, até que o bebê foi ao chão. Aos berros a mulher chamava pelo seu filho, e então percebeu que o mais incrível havia acontecido. O recém nascido parecia não ter sofrido nada. Nem sequer chorava. Nenhum sinal de dor ou medo alterava sua fisionomia. Era como se algo tivesse amparado o impacto da queda. O padre encarava o bebê que retribuía o olhar inocentemente. Neste instante o intenso vento removeu a escora da janela e projetou suas duas abas contra a parede ferozmente, assustando o já assombrado padre.
- Me dê meu filho padre. – berrou a mãe incrédula.
- Esta criança... Como pôde nascer na casa de Deus? – dizia o padre gaguejante.
- Me dê meu filho padre. – insistiu a mulher.
- Este não é filho de Deus. Não podes ser filho...
- Quem és tu para julgar tal fato padre? – emanou uma rouca voz do canto escuro da sacristia.
O padre ainda mais atônito encarou aquele par de olhos vermelhos no lado oposto à entrada da sala.
- Quem sois? Sois um servo de Deus. E tu, o que queres aqui?
- Vim buscar meu filho. – proferiu a voz rouca.
- Não! Deixe-o em paz! Dê-me padre, por favor, dê-me meu filho. – berrava a mulher.
O homem de vestimentas negras ergueu sua mão espalmada na direção da mulher, e a mesma sentiu como se uma mão invisível a forçasse contra a cama.
- Tu não tens poder aqui! Não na morada de Deus!
O homem afrontou os olhos do padre. E postou seu dedo indicador rígido em frente aos lábios.
- Shhh...
O padre sentiu sua voz falhar. Sua garganta parecia estar sendo apertada. Ele ajoelhou enquanto o homem caminhava em direção a criança.
- Por favor, não o leve. Deixe meu filho. – implorava a mãe aos prantos.
O homem deu uma última olhada para o padre e ele caiu. A luz da vida deixou seus olhos ao mesmo tempo em que abandonou as velas do candelabro fazendo a escuridão tomar conta do lugar. Pegando a criança no chão, o homem deu às costas para a mulher, e seguiu para o canto de qual surgiu.
- Zeobator. Por favor, deixe meu filho. – pediu a mãe se esforçando para vencer a mão invisível que mantinha suas costas presas a cama.
O brilho azulado uma vez adentrou a sacristia, e a mulher pode observar os olhos vermelhos de Zeobator observando-a por sobre o ombro, e rogou em tom desacreditado.
- Por favor, deixe meu filho “Zeo”.
- Seu filho?...Ele nunca foi seu.

terça-feira, 6 de abril de 2010

FACES OPOSTAS: Resenha

Há muito tempo o homem vive num mundo onde diariamente deve decidir qual lado seguir nas bifurcações tendenciosas que lhes são oferecidas. De um lado, o largo e supostamente confortável caminho oferecido por aqueles que pretendem possuir as almas dos de mentes suficientemente fracas para ser induzido a tal, e assim conduzi-los ao que chamamos de inferno. Do outro lado, o estreito e complexo caminho que leva a luz da vida eterna cobiçada pela maior parte, e mais conhecida como céu.
Esta é a analogia religiosa mais simples, contudo, paralelo a esta bucólica e pulcra definição, se escondem uma série de acontecimentos que dia pós dia travam uma batalha pelos seres humanos. Alguns dizem ser um cabo de guerra entre céu e inferno, mas uma balança seria a definição cabível, visto que sempre que o inferno insiste em intervir nos humanos, o céu entra em ação para manter o equilíbrio.
Em meio a este conflito pelo meio-termo, uma criança, fruto da união das forças opostas e que a muito fora profetizada, é concebida sobre a desaprovação de ambos os lados. Seu nascimento desencadeou uma grande divisão no reino de fogo, e colocou todo o céu em alerta. A intenção de ambos, céu e inferno, era silenciá-la antes mesmo que pudesse compreender sua existência. Antes mesmo que o suposto presságio sobre o novo inferno tivesse chance de ser iniciado. Mas, com a mesma agilidade que a criança surgiu como a nova farpa do mundo moderno, dissipou-se repentinamente.
Vinte anos se passaram, a criança se tornou um jovem, e sem imaginar o que o futuro lhe reserva, foi lançada a terra para que sua bipolaridade fosse posta à prova. Sua leve inclinação para o mal é evidente visto a criação sombria na qual foi submetida, mas ainda assim o seu destino dependerá apenas das escolhas que irá tomar de agora em diante. Somente com o passar do tempo será possível defini-lo. Anjo, demônio, nefilim... Por agora, apenas rótulos. Rótulos de uma questão a ser decifrada, e a interrogação que se apresenta é:
O Bem e o Mal podem caminhar juntos?

O início...

Hoje inicio os trabalhos neste blog com o intuito de divulgar minha obra literária intitulada “FACES OPOSTAS”. Que este seja o primeiro de muitos posts.